sábado, 5 de março de 2011

OS VERDADEIROS LAÇOS

Os laços que verdadeiramente ligam os seres entre si na constituição da família não são os da carne nem do sangue, mas os do espírito.
  Os laços da carne e do sangue são contingências da vida terrena: afrouxam-se com o atrito das paixões, rompem-se no momento da morte. Não podem, por sua natureza, irmanar e confundir os corações, fazendo da coletividade uma unidade. Só os laços do espírito logram tal resultado.
  A prova desse fato está nas desinteligências que se verificam comumente no seio das famílias cujos membros se acham ligados somente pelos frágeis e tênues vínculos da carne e do sangue. Há irmãos - filhos do mesmo pai e da mesma mãe - que mútuamente se repelem e até se hostilizam. Há cônjuges que se acham radicalmente divorciados, aparentando vida conjugal apenas para salvar as aparências.
  Na organização da família, como na organização da pátria, só os fatores de ordem moral podem estabelecer aquela coesão indispensável, que dá a tais organizações solidez, vitalidade e permanência.
  Onde as almas não vibram no mesmo diapasão, onde os ideais não se conjugam obedientes a afinidades que se atraem, haverá conúbios híbridos, mais ou menos duradouros, mas jamais haverá família nem pátria.
  Casam- se corpos, não casam-se almas. Previnem- se os interesses temporais, menosprezando-se por completo os interesses espirituais.
  Consequência: O lar em vez de ser o doce remanso da paz onde se retemperam forças, é pandemônio onde se querela noite e dia, ou, então, é masmorra onde todos vegetam e ninguém vive com alegria de viver.

Um comentário:

  1. Há amigos que são como irmãos, e irmãos que são piores que inimigos.

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